Dica de livro: A serpente cósmica – o DNA e a origem do saber

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“A Serpente Cósmica: O DNA e a origem do saber” é um livro fascinante, daqueles que prendem a atenção do começo ao fim. Diria que é um livro essencial para quem segue os caminhos do Xamanismo ou ao menos se interessa pelo tema. Uma leitura importante pra quem leva o assunto a sério.

Capa do livro A Serpente Cósmica

Escrito em 1995 pelo antropólogo, pesquisador e escritor Jeremy Narby, o livro traça paralelos entre os conhecimentos, visões e informações recebidos pelos xamãs durante o uso de medicinas da floresta (como a Ayahuasca ou o tabaco) e a biologia molecular.

Em 1985, por motivo de seu doutorado em antropologia na Universidade de Stanford, Jeremy iniciou uma imersão de 2 anos na comunidade Quirishari, no Vale dos Pichis, na Amazônia Peruana. Lá conviveu principalmente com os Ashaninka – posteriormente também, como mencionado no livro, com outras etnias como os Shipibo-Conibo.

O propósito era estudar a ecologia dos Ashaninka. Após a conclusão do doutorado, Jeremy passou 9 anos se aprofundando, estudando algo que o deixou intrigado na convivência com esses povos (explico mais abaixo), estudo este que resultou neste livro.

O ponto de partida

Na convivência com os Ashaninka, o autor ficou intrigado com o fato de que eles afirmavam obter seu conhecimento através da Ayahuasca. Bebendo Ayahuasca é que aprendiam tudo o que sabiam. “A planta nos ensina”, diziam. Um vasto e profundo conhecimento sobre todo tipo de planta. Quais plantas usar para cada caso, combinações de plantas, dosagens, que afirmavam ser tudo ensinado através da Ayahuasca. Em um momento no livro, Jeremy cita um exemplo – entre vários outros – do uso de uma planta específica como anestésico, cujo erro na dosagem pode levar à paralisia dos órgãos e consequentemente à morte. E que afirmam ter sido a Ayahuasca quem ensinou qual planta, dosagem, e em quais casos utilizar.

Isso era algo de difícil entendimento para alguém vindo de uma realidade totalmente racionalista. Então ele percebe que a única forma de chegar perto de compreender o que estavam falando era… passar sua própria experiência com a Ayahuasca.

A busca

Após sua experiência com a Ayahuasca, Jeremy passa a enxergar várias correspondências entre o que os indígenas falavam, seus mitos, suas visões… e a biologia molelular. O ponto central do livro está em apresentar correspondências entre essas visões, relatos, mitos e fatos conhecidos (ou mesmo os desconhecidos) pela ciência.

Um dos pontos centrais, que dá o nome ao livro, é a hipótese de que o DNA é o que conecta todos os seres vivos, permitindo que se comuniquem (seria daí que vem a tal intuição?). Ele cita o fato de que 97% do nosso DNA é desconhecido e visto pelo materialismo como “junk DNA”, ou “lixo”, e que o ideal seria ao invés de descartar o que não conhecemos, chamando de lixo, chamar de “DNA misterioso” (ou desconhecido), o que seria no mínimo mais honesto.

A grosso modo, e bem resumidamente, é como se “o todo” fosse um grande banco de dados, e em cada DNA estivesse toda a informação desse todo. E que – outra hipótese – na vivência com a Ayahuasca os xamãs acessem esse conhecimento.

Nada absurdo, se percebermos que várias religiões e linhas falam há milênios sobre estarmos todos conectados, a existência de outras dimensões, sobre termos acesso à toda informação do universo, cada um ter o universo dentro de si… e várias outras afirmações do tipo.

No desenvolver do livro o autor cita diversas outras conexões entre os relatos dos xamãs e a ciência, mostrando que podem se tratar de formas diferentes de estar falando da mesma coisa.

A propósito, além da Ayahuasca, o tabaco (xamânico, ritualístico) também é citado em vários momentos.

Conclusão

Minha ideia nesse texto é passar apenas uma visão geral do que se trata o livro. Nele cada hipótese é aprofundada traçando vários paralelos, citando fontes, desenvolvendo o tema… o que torna a leitura, pelo menos para quem se interessa pelo xamanismo, muito interessante e cativante.

É um livro que além de muito interessante, me abriu diferentes formas de olhar para algumas questões, inclusive na minha relação ritualística com a Ayahuasca.

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